Terça-feira, 18 de Janeiro de 2011



Publicado por Marco Moreira às 10:33
Domingo, 09 de Janeiro de 2011

O par de conceitos opostos que constituem uma dialéctica são conhecidos em terminologia filosófica como "tese" e "antítese" (i.e. anti-tese). Quando a tensão entre os dois eventualmente leva a uma terceira posição híbrida, é rotulado de "síntese". Uma dialéctica que consiste em somente dois conceitos, que nunca alcança uma resolução harmoniosa, é conhecida como uma dialéctica Kierkegaardiana. Se consiste em três posições, terminando em síntese (que de volta pode tornar-se a tese de uma nova dialéctica), é denominada uma dialéctica Hegeliana.

 

O Rabino Joseph B. Soloveitchik toma uma posição firmemente Kierkegaardiana no seu ensaio "Excelência e Humildade":

A dialéctica Judaica, ao contrário da Hegeliana, é irreconciliável e por isso interminável (...) Para Hegel, homem e sua história eram somente ideias abstractas; no mundo de abstracções, a síntese é concebível. Para o Judaísmo, homem sempre foi e continua a ser uma realidade viva (...) No mundo de realidades, a harmonia dos opostos é uma impossibilidade.

Este tipo de abordagem é raro na filosofia Judaica, que frequentemente tende a ser mais harmoniosa. Tem raízes, contudo, não somente na filosofia moderna, mas com a metodologia do Rav ¹ do estudo do Talmud. A hakira ² é também uma dialéctica irreconciliável.

 

A abordagem incondicionalmente Kiekegaardiana do Rav, levanta aqui a questão se existe uma motivação em todos os seus escritos filosóficos. Enquanto obras como "The Lonely Man of Faith" apresentam dialécticas irreconciliáveis, outras apresentam um retrato de personalidades mais harmonioso que descobrem uma síntese, como "Halakhic Man". É verdade que o homem halakhico é primeiramente descrito como o produto de uma dialéctica entre o homem científico e o homem religioso; mas a personalidade do homem halakhico emergente é inteiramente tranquila e harmoniosa.

 

Notas

 

¹ Rav - forma pela qual o Rabino Joseph B. Soloveitchk era universalmente conhecido.

 

² Hakira - doutrina filosófica judaica que procura provar a existência de Deus nos confins da lógica natural humana. Tenta estabelecer e explicar a nossa relação geral com Deus, o estudo da Tora, o desempenho das mitzvot, etc. em termos racionais.



Publicado por Marco Moreira às 22:14
Sábado, 01 de Janeiro de 2011

O principio de imitar Deus é conhecido na linguagem filosofica pelo termo em latim "imitatio Dei", e em termos halakhicos pela frase "Vehalakhta biderakhav" - Deverás andar por Seus caminhos. Este conceito explícito na Bíblia, é expandido pelos Chazal (sábios talmudicos), e recebe o tratamento mais pleno nos trabalhos do Rambam. A frase "Vehalakhta biderakhav" é retirada do versículo:

O Senhor levantar-te-á para Si por povo santo como te jurou, quando guardares os mandamentos do Eterno, teu Deus, e andares por Seus caminhos - Deuteronómio 28:9 ¹

Há vários problemas com a interpretação deste versículo como mandamento de emular Deus: 1º é expressado como expressão condicional, não um mandamento; 2º a frase "andar por Seus caminhos" está aberta a várias interpretações; e 3º parece-se como uma directriz geral e não um mandamento específico. O filho do Rambam, Rav Avraham, lida com estes problemas na sua responsa #63, impressa no fim de muitas edições do Mishnê Torah. De forma a não divagar irei deixar as suas respostas de parte, mas não posso deixar de considerar que a Bíblia comanda emulação de Deus numa forma mais inequívoca em outros pontos:

Sereis santos, pois Eu, o Eterno, vosso Deus, sou santo - Levítico 19:2

 

Porque o Eterno, vosso Deus (...) que ama o peregrino ² dando-lhe pão e roupa; E amareis o peregrino, porque fostes peregrinos na terra do Egipto - Deuteronómio 10:17-19

 

(...) Eu sou o Eterno que pratica misericórdia, rectidão e justiça na terra; porque nisto Me deleito - Jeremias 9:22

Os Sábios desenvolveram imitatio Dei num princípio mais geral. Por vezes, interpretam-no como um mandato para emular certas características atribuídas a Deus:

Assim como Ele é chamado 'misericordioso', assim devereis ser misericordiosos, assim como Ele é chamado 'gracioso', assim devereis ser graciosos (...) assim como Ele é chamado 'justo', assim devereis ser justos (...) assim como Ele é chamado 'pio', assim devereis ser pios. - Sifri, Devarim 11:22 & Shabat 133b

Outras vezes os Chazal interpretam imitatio Dei em termos de acções, e não características de carácter:

Rabino Chama, filho do Rabino Chanina disse: O que significa 'Após o Eterno, vosso Deus, andareis'? (Dt. 13:5) Pode uma pessoa de facto andar seguindo a Presença Divina? Não está escrito 'Porque o Eterno, teu Deus, é um fogo consumidor'? (Dt. 4:24) Em vez disso, caminha após Suas qualidades. 'Assim como Ele veste o desnudo, visita o enfermo, conforta o enlutado e enterra o falecido, assim deverás fazer' (Sotah 14a)

O Rambam foi o primeiro a formular "Vehalakhta biderakhav" enquanto mandamento bíblico específico para desenvolver uma personalidade virtuosa. De facto, o Rambam baseia exclusivamente o seu sistema de éticas neste princípio. De acordo com a sua leitura, o "caminho" que somos supostos caminhar é o caminho do meio.

 

O Rabino Joseph B. Soloveitchik (o Rav) é reportado como tendo acrescentado uma ligeira e interessante distorção da fórmula do Rambam.  É o caminho do meio uma tépida, mediana e forma medíocre de "parve"?³ Se devemos desenhar uma analogia para Deus, então o que emerge é um meio dinâmico. Assim como Deus apresenta uma dialéctica constante entre imanência e transcendência, ou entre misericórdia e justiça estrita, assim deve o homem caminhar através de um caminho mediano dialéctico, oscilando entre dois pólos e incorporando-os. Apesar de me parecer que isto se refere mais como uso alegórico criativo (midrash) do Rambam, do que uma exposição literal desta posição, dirige-nos para motivos importantes da filosofia do Rav.

 

 

Notas:

 

¹ Formulações semelhantes em Deuteronómio 8:6, 10:12, 11:22. 13:5, 26:17 e 30:16

 

² Peregrino - gentio ou estrangeiro (i.e. não-Judeu)

 

³ Parve - nas leis alimentares (cashrut) significa "neutro"; neste contexto "neutralidade"



Publicado por Marco Moreira às 22:21
Quinta-feira, 30 de Dezembro de 2010

2. Soberania Judaica na Terra de Israel


A noção bíblica de que Deus concedeu a terra de Canaan aos Filhos de Israel é confirmada no Corão. Na Surah de Jonas, versículo 93, podemos ler:

Determinamos aos Filhos de Israel uma linda morada e providenciamos-lhes do melhor sustento.

 

Em Surah al-Ahraf, versículo 137, podemos ler:

Fizemos de um povo considerado fraco, herdeiros da Terra a Este e Oeste (do Rio Jordão) onde dirigimos as nossas bênçãos. A promessa justa do Senhor foi cumprida para os Filhos de Israel, porque tiveram paciência e constância, e nós nivelamos ao chão as grandes obras que o Faraó e seu povo ergueu.

Surah al-Maidah, versículo 21, é a única passagem onde a Terra Santa é mencionada por esse título - al-Ar al-Muqaddas. Refere-se às palavras que Moisés falou aos descendentes de Isaac:

 

Lembra que Moisés disse ao seu povo: «Oh meu Povo, chama em lembrança o amparo de Deus sobre vós, quando produziu profetas entre vós, fez-vos reis, e deu-vos o que não deu a mais nenhum dos povos. Oh meu Povo! Entrai na Terra Santa que Deus escreveu para vós, e não se apartem ignominiosamente (a esta vossa herança), pois então serão derrotados, por vossa própria ruína.»

 

Montes Golã

 

Num comentário do Iman Abu al-Qasim Mahmud al Zamakshari, que viveu entre 1074 e 1144, entítulado al-Kashaf (O Revelador), podemos ler a seguinte explicação:

Quanto às fronteiras da "Terra Santa", alguns académicos dizem que a sua fronteira a norte é o Monte (Hermon) e seus arredores, e para outros incluí também uma parte da Terra de Sham (Montes Golã). Outros dizem que se estende desde o território dos Filisteus (Gaza) até Damasco e uma parte de Urvum. Alguns dizem que Deus presenteou Abrahão com esta Terra como herança para os seus filhos quando subiu ao monte e lhe disse: «Olha à volta até onde a tua vista alcança. Todo o lugar alcançado pelos teus olhos serão deles.» O Templo Sagrado foi a morada dos profetas e residência dos crentes. «Deus escreveu para vós» significa que Deus jurou e escreveu nas Divinas Tábuas da Predestinação: é vosso, pertence ao vosso povo e não se apartem da vossa pertença. Não tenham medo dos gigantes Filisteus que vivem lá.

Uma nota semelhante é também encontrada num comentário de Abdallah ibn Umar al-Qadi al-Baidawi, que viveu entre 1226 e 1260, entitulada Asar ut-Tanzil wa Asrar ut-Ta'wil - Segredos da Revelação e Segredos da Interpretação.

 

LER TAMBÉM: Parte I e Parte III (em breve)



Publicado por Marco Moreira às 10:04
Domingo, 26 de Dezembro de 2010

 

.
Interpretado pelo Coro da Sinagoga Bevis Marks.
.
Hino atribuído a Moses ibn Ezra, cantado na liturgia Sefardita antes do início de Ne'ilah - serviço final de Yom Kipur. É constituído por oito estrofes, cujas letras iniciais hebraicas compõem o acrónimo do nome do autor. O texto transmite a confiança penitente do devoto para com Deus. À medida que a hora da sentença divina se aproxima a congregação canta a melodia num espírito de esperança e optimismo.


Publicado por Marco Moreira às 22:21

A tradição e literatura do Pentateuco direcionou sempre as necessidades e dilemas do individuo de uma forma directa. Contudo, o Judeu moderno encontra-se frequentemente privado, quase por definição, ao acesso deste aspecto vital da Mesorah. – a transmissão da tradição religiosa. Este sentimento resulta de uma lacuna reconhecida que vai bocejando entre a nossas fontes e as mentalidades e perspectivas contemporâneas, que são parte da “maquilhagem” emocional do Judeu observante da nossa geração. São encontrados problemas em relação aos conceitos éticos centrais do judaísmo que são ignorados na nossa cultura, e também relativamente a abordagens de vida e padrões instintivos de pensamento.

 

O resultado é que o Judeu observante dos nossos dias sente-se confortável ao estudar a Lei e Filosofia Judaica, mas confuso ou frustrado pelas demandas da Literatura Ética Judaica. Assuntos como a culpa, humildade, compromisso, que as nossas fontes têm por adquirido, são abertamente questionadas pelo grosso da sociedade. Se estes conceitos devem ser relevantes para o homem moderno, este precisa encontrar o caminho de volta a eles, sem negar a sua identidade enquanto homem moderno. Hoje, este empreendimento torna-se deveras considerável do ponto de vista intelectual e emocional.

 

Notas:

 

Mussar é o termo usado para aprendizagem da Literatura Ética Judaica que descreve, numa maneira metódica, as virtudes, os vícios e o caminho em direcção ao aperfeiçoamento humano.



Publicado por Marco Moreira às 21:45
Sábado, 25 de Dezembro de 2010

A aproximação do estudo do Tanakh (Bíblia Hebraica) dá-se com uma dupla finalidade. A primeira é a de compreender o significado literal da história ou da lei judaica. As questões que podemos colocar são: Porque Deus testou Abrahão, ordenando-lhe que sacrificasse o seu único filho? Como eram os sacrifícios oferecidos no Templo, e porque razão foram instituídos? Qual foi o pecado de Moisés, que fez com que Deus o impedisse da longa ambição de entrar na Terra Prometida? Todos estes exemplos relacionam-se com a forma como entendemos a palavra de Deus, conforme está escrita no Tanakh. Isto pode ser traduzido como aprender p'shat, o significado literal do texto.

 

A segunda, igualmente importante, é o objectivo da exegese bíblica de perguntar, não a questão objectiva do significado do versículo, mas sim a questão subjectiva do que uma frase, ou ideia, significam para mim. Noutras palavras, enquanto o primeiro objectivo é o de compreender a palavra de Deus quando se relaciona com Abrahão, Moisés, David e Salomão, o nível secundário é o de perguntar como a palavra de Deus e as acções dos nossos ancestrais se relacionam connosco - como afectam o nosso dia-a-dia. Podemos classificar este tipo de aprendizagem como d'rash.

 

Por exemplo, enquanto p'shat se relaciona com a natureza do pecado de Moisés, d'rash tenta passar-nos lições das capacidades deste homem - crescendo até se transformar no maior dos profetas, e as suas limitações - a fraqueza humana que até Moisés tinha.

 

Tehilim (salmos) representa talvez o paradigma desta aproximação de duas pontas em direcção à exegese. Primeiro, preocupamo-nos com a compreensão das palavras do salmista, ideias e motivação para a escrita do poema. Contudo, ainda mais importante, e talvez o objectivo traçado pelo próprio salmista, é de transmitir os sentimentos do Homem em relação ao Criador, retratando-os através de uma série de emoções.

 

Não é surpresa que muitos dos cânticos de David foram integrados na nossa liturgia: o que é a prece senão prostação das nossas emoções a Deus, e quem melhor que o Rei David para expressar estes sentimentos? Nós, pelo meio que David introduziu, tentamos destrancar nossos sentimentos mais íntimos, expressando-os em comunhão com Deus.



Publicado por Marco Moreira às 19:37
Sexta-feira, 24 de Dezembro de 2010

Nos últimos 15 anos, o conflito político entre Judeus israelitas e Árabes palestinos tem sido conotado como uma guerra religiosa onde líderes como Yasser Arafat, Hassan Nasrallah e Osama Bin Laden têm apelado à autoridade do Corão de maneira a sustentar o seu objectivo de eliminar o Estado de Israel. A autoridade do Corão tem sido também citada para defesa do "revisionismo histórico" que procura negar a ligação histórica do povo Judeu com a cidade de Jerusalém e seus locais sagrados, incluíndo o Monte do Templo (também conhecido como Monte Moriah). Ignorantes relativante aquilo que o Corão diz sobre Jerusalem, os jornalistas ocidentais têm recentemente ignorado provas históricas e arqueológicas, dando igual valor às supostas narrativas em competição entre Judeus e Muçulmanos: Judeus insistem em acreditar que houve um templo judaico em Jerusalém, quando o Corão estabelece que as reinvidicações históricas e religiosas dos Judeus são falsas.

 

A transformação de um conflito político pela terra numa guerra religiosa é um dos objectivos mais perigosos e assustadores dos políticos radicais islâmicos - mas nada tem a ver com o Corão.

 

Aqui, o líder comunitário muçulmano e erudito corânico Sheik Abdul Hadi Palazzi examina o que o Corão diz sobre a ligação do povo Judeu com a terra de Israel. Longe de negar as reinvidicações da presença Judaica no Monte do Templo, o Corão de facto confirma os feitos Judaicos na construção do Templo de Salomão em Jerusalém e apoia a reinvidicação bíblica de que a terra de Israel foi dada por Deus aos Judeus.

 

1. Soberania Judaica em Jerusalém

 

Em Agosto de 2002, o designado por Arafat "mufti de Jerusalem e da Terra Santa", Ikrima Sabri, diz à imprensa ocidental que "não existe a mais pequena indicação da existência de um templo Judaico em Jerusalém no passado. Em toda a cidade, não existe sequer uma pedra que indique história Judaica." Dizendo isto, confirmou o que Yasser Arafat já havia dito ao jornal árabe al-Hayat situado em Londres e reportado repetidamente a Bill Clinton e Ehud Barak em Camp David: "Os arqueólogos não encontraram uma única pedra que prove que o Templo de Salomão esteja lá porque historicamente o Templo não estava na Palestina."

 

Ao fazer tais declarações, Sabri e Arafat não negam somente dados histórico-arqueológicos e os ensinamentos da Bíblia, mas também negam as palavras do Corão. Desde o tempo da revelação do Corão até recentemente, todos os Muçulmanos unanimemente aceitavam que Haram as-Sharif, ou Esplanada das Mesquitas, onde a Cúpula do Rochedo existe hoje, permanece no mesmo local onde ambos os Templos haviam existido. De facto, Haram as-Sharif, inclui um local chamado Maqam Sulayman, onde, de acordo com a tradição Muçulmana, Salomão fazia súplicas enquanto os mações de Hiram se dedicavam à construção do Templo. Desse mesmo local, a tradição Muçulmana diz que Salomão rezou para dedicar a Casa no momento em que estava pronta e que intercedeu para aqueles que se acercaram para adoração.

 

 

Aceitar que o Templo de Salomão existiu em Jerusalem é compulsório para todo o Muçulmano crente, porque isso é o que o Corão e a tradição oral Islâmica, chamada Sunnah, ensinam. No Corão, Surah Bani Isra'il (Capítulo dos Filhos de Israel), versos 1-7, encontramos uma descrição do Templo de Salomão e de como foi destruído duas vezes pelos inimigos do povo Judeu:

 

Glorificado seja Aquele que, durante a noite, transportou o Seu servo (Maomé), tirando-o da Sagrada Mesquita (em Meca) e levando-o à Mesquita de Alacsa (em Jerusalém), cujo recinto bendizemos, para mostrar-lhe alguns dos Nossos sinais. Sabei que Ele é Omniouvinte, o Omnividente. E concedemos o Livro a Moisés, (Torah) que transformamos em orientação para os Filhos de Israel, (dizendo-lhes): Não adopteis, além de Mim, outro guardião! Ó geração daqueles que embarcamos com Noé! Sabei que ele foi um servo agradecido! E lançamos, no Livro, um vaticínio aos Filhos de Israel: causareis corrupção duas vezes na terra e vos tornareis muito arrogantes. E quanto se cumpriu a primeira, enviamos contra eles servos Nossos poderosos (Babilónios), que adentraram seus lares e foi cumprida a cominação. Logo vos concedemos a vitória sobre eles, e vos agraciamos com bens e filhos, e vos tornamos mais numerosos. Se praticardes o bem, este reverte-se-á em vosso próprio benefício; se praticardes o mal, será em prejuízo vosso. E quando se cumpriu a Segunda cominação, permitimos (aos vossos inimigos) afligir-vos e invadir o Templo, tal como haviam invadido da primeira vez, e arrasar totalmente com tudo quanto havíeis conquistado.

Imam Abu Abdullah al-Qurtubi, que viveu de 1214 a 1273 e foi um dos mais competentes comentaristas Corânicos medievais, explica em Al-Jami'li Ahkam il-Qur'an - Enciclopédia de Regras Corânicas - o contexto (asbab) dos versículos mencionando, entre outras fontes, a autêntica tradição Profética (hadit). Escreveu:

 

Hudhayfah Ibn al-Yaman perguntou ao Profeta Maomé, paz e benção estejam sobre ele:

 

«Viajei mais de uma vez a Jerusalém, mas não vi nenhum Templo erguido lá. Qual é a razão?»

 

O Profeta Maomé respondeu:

 

«Salomão filho de David ergueu o Bayt al-Maqdis (em hebraico: Beth Hamikdash, o Primeiro Templo) com ouro e prata, com rubis e esmeraldas, e Allah fez com que seres humanos e espíritos trabalhassem sob o seu comando, até que a construção da Casa estivesse completa. Depois um Rei Babilónio destruiu o Bayt al-Maqdis e trouxe os seus tesouros para a terra da Babilónia, até um Rei da Persia o derrotar e resgatar os Filhos de Israel. Estes reconstruiram o Bayt al-Maqdis pela segunda vez (Segundo Templo), até que foi destruído uma segunda vez por um exército liderado por um Imperador Romano.»

Podemos facilmente verificar que as fontes Judaicas e Muçulmanas confirmam-se mutuamente: O Templo foi construído por Salomão e destruído por um rei Babilónio. Um rei Persa mais tarde derrotou os Babilónios e resgatou os judeus, permitindo-lhes regressar à Terra de Israel. O Templo foi reconstruído, mas foi destruído mais tarde pelos Romanos. Este Templo manteve-se erguido na área referida como Beth Hamikdash. Aqueles líderes políticos e pseudo-religiosos Palestinos que defendem que "nunca houve um Templo Judaico em Jerusalém" estão certamente conscientes que, de maneira a conseguir apoiar as suas reividicações políticas, estão compelidos a mentir, esconder fontes, e contradizer as palavras do Corão e da tradição Islâmica.

 

Um exegeta Corânico mais antigo, Imam Muhamad ibn Jarir at-Tabari, que viveu entre 838 e 923, escreve em Tarikh al-Rusul wa al-Muluk - História dos Profetas e Reis - que, a mesma área sagrada foi a mesma onde Jacob teve a visão da Escadaria Divina:

Quando Jacob acordou sentiu-se feliz pelo que viu no seu sonho confiante e prestou juramento, por amor a Deus, que se regressasse em segurança para junto da sua família, ele iria construir um Templo para o Todo-Poderoso. Também jurou caridade perpétua de um décimo da sua propriedade por amor a Deus. Derramou óleo na Pedra de maneira a reconhecê-la e chamou-lhe o local de Beth-El, que significa "Casa de Deus". Mais tarde tornou-se a localização de Jerusalém.

 

Em Jerusalém numa enorme Pedra, Salomão filho de David construíu um lindo Templo para expandir a veneração a Deus. Hoje, na base desse Templo, ergue-se a Cúpula do Rochedo.

A negação histórica de fontes Judaicas e Islâmicas relativas a Jerusalém é recente e não pre-data a OLP e a sua propaganda política. Em 1932, durante o período do Mandato Britânico, o Conselho Islâmico Supremo de Jerusalém publicou um Pequeno Guia do Haram as-Sharif para peregrinos Muçulmanos, escrito em Inglês. "Este local é um dos mais antigos no mundo" diz. "Sua santidade vem dos tempos mais antigos. Sua identidade com o local do Templo de Salomão é indiscutível. Este também é o local, de acordo com a crença universal, onde David construíu um altar para o Senhor e ofereceu ofertas queimadas e ofertas de paz."

 

Não somente os seguidores e herdeiros de Arafat tentaram reescrever a história de Árabes e Judeus na região conforme dita por outros; tentaram também reescrevê-la conforme dita pelas fontes Islâmicas.

 

LER TAMBÉM: Parte II e Parte III (em breve)



Publicado por Marco Moreira às 01:20
 
Pesquisar neste Blog
 
Janeiro 2011
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
10
11
12
13
14
15

16
17
19
20
21
22

23
24
25
26
27
28
29

30
31


Ligações na Web
Arquivo
2011

2010